16 de abril de 2013

Procuro um amigo


O TEMPO ...

Parei na Estrada....parei no Tempo
E, na Estrada, perguntei pelo Tempo

- Ele fugiu...
- Fugiu ?!
- Fugiu.

- Mas,...não o viste por aí ?
- Fugiu ...  para onde ?
-Não sei... não o conheço muito bem...
- Não o conheces muito bem ...porquê ?
- Porque não me interessa.
- Não percebo...não te interessa, não sentes curiosidade em conhecê-lo, a sério ?!
  tens a certeza que nunca ouviste falar do Tempo !!! que estranho...
- Ouvi falar por aí mas, não sei quem é ... não gosto de estranhos a invadirem a minha vida.
- Mas o Tempo faz parte da minha vida... da tua vida....da vida de toda a gente...
- Como sabes que faz parte da minha vida, de onde o conheces...ele falou em mim ?!
- Toda a gente o conhece.
- Toda a gente... mas, eu não sou toda a gente....o que queres dizer com isso?

-Ouve, meu amigo,
  senta-te aqui.. aqui ao pé de mim....pode ser que depois me entendas...
  tenta imaginar....

- No meu quarto ..., existe um Espelho ;
- Na minha rua..., cada montra é um Espelho;
- O jardim da freguesia tem um lago de água transparente e límpida... que é um Espelho ;
- Dentro de mim... há um Espelho;
- Os meus olhos... são um Espelho...

- E , então ?!!!

- Então... todas as noites descubro que estou diferente ...
- O meu corpo coberto é diferente .... o meu corpo nu está diferente...
- O meu rosto pintado é diferente ... o meu rosto natural está diferente...
- A minha pele já não é a mesma ... está diferente.

- Ah ! espera aí, já começo a entender ...

- Não...ouve o resto, por favor....

- Ao amanhecer, quando os raios de sol  beijam e iluminam a  água transparente e limpida do lago do jardim ...
 o Espelho, o Implacável Juiz da Vida, apodera-se dos meus olhos,
 embacia a minha mente,
 deturpa o meu sentir ... enfraquece a minha alma ...

- Ah ! agora entendo...

- tu procuravas quem faz parte da minha vida.... quem faz parte da vida de toda a gente... quem faz parte da tua vida ... então ... é este Espelho de  quem  tu, ... tanto medo tens ...  o tal "teu amigo"... perdido ... a quem tu chamas ... TEMPO ?!!!!!!!!

- É, meu amigo...
 mas, ao contrário do que estás a pensar,  eu não tenho medo dos traços que o Tempo deixa em mim....o meu medo... é de ao amanhecer, quando os raios de sol iluminarem a água do lago do jardim, eu acordar, olhar para ele, olhar para ti, e não saber quem sou ...

O TEMPO seguirá o seu percurso...caminhará por todas as ESTRADAS, encontrará ESPELHOS de todas as cores ... IMAGENS de todas as idades ... e EU, e TU e TODA A GENTE lutará  para que  ande mais devagar ... mas, misturando risos com as lágrimas .... continuará rindo, porque....afinal, ninguém é mais poderoso e mais forte do que ELE .


1 de fevereiro de 2013

Cartas de Amor




 Olá Avó,

 Tenho tantas saudades tuas!



Hoje, como em outros tempos, como há muitos dias, como ontem, como agora e amanhã, e em outro e outro amanhã e  sempre ... quero recordar-te com todo o amor da minha alma ...  quero que nunca me deixes.

Esta é uma pequenina história, igual a tantas outras ... uma história de uma avó e uma neta.... é a minha história.

 Era uma vez uma Avó ... uma Avó que não sabia ler nem escrever mas,  sabia contar... 

O passado e o presente...um só.



Aos primeiros raios de luz, quando o sol ainda tímido espreitava o horizonte e se espreguiçava  por tudo  quanto era  lado, a minha avó abria a janela e deixava entrar a brisa fresca e perfumada.

Nos jardins e no campo ao redor da casa, as flores balançavam-se de mansinho e começavam a abrir, "pingando" generosamente, as primeiras gotas de orvalho.
 O capim molhado e o cheiro húmido da terra, convidavam os meus pés pequeninos, secos e quentes, a mergulharem na frescura daquele tapete verde e macio.

Enquanto o meu "acordar" pisava este paraíso, no outro lado do quintal, a minha avó "falava" com os coelhos, deitava milho às galinhas , separava os patos  e,  um a um,  os ovos que estavam por chocar  e os pintainhos que já haviam nascido.

Num calendário preso à parede, junto ao galinheiro, ela contava ... contava ... contava ... e não se cansava de contar, e riscava uma série de dias. Eu olhava para aquilo sem saber o que significava contar tanto e o quê, e a utilidade  daquele lápis amarrado a um fio, ali, pendurado, por uma mão bem cheia de calosidades mas num  gesto calmo e sereno, muito seu. 

Quando acabava esta tarefa ia tratar das  plantas, das flores e dos  frutos .

Os frutos ... espalhava-os sobre uma manta  para amadurecerem sem mácula; depois, separava-os com ternura, fazia molhinhos, colocava-os em cestos que fechava com uma serapilheira cosida à volta da abertura e pedia, que  os despachassem na carreira mais próxima e sem demora, para que os  filhos e  netos que viviam longe, muito, muito longe... os recebessem ainda bem frescos.

As flores, lindas, de todas as cores, de todos os tamanhos, pequeninas e grandes  eram tratadas com todo o amor. 

Com as dalias, entrelaçadas em fios de trepadeira, escolhidas ao pormenor, esbatidas em cores do arco íris,  fazia  coroas que enfeitavam o meu cabelo, enchiam os meus pulsos, os meus tornozelos  e eu, eu  delirava ... delirava e ria, ria muito,  de tanta felicidade, é que sem saber como nem porquê, por ser ainda tão pequenina, vivia num reino encantado.

 Afinal, eu não era apenas uma menina ... eu era uma princesa!


Todos os dias, por baixo da mesma romãzeira, frondosa, com ramos até ao chão, pacientemente, ela construía o meu abrigo. 

Era ... assim... como se fosse um palácio. Ali habitavam os seres mágicos, num mundo de sonho, onde tudo era belo e, num trono de rainha, lá estava a mais bela de todas, a minha avó, a minha companheira de todos os dias, de todos os instantes.



Em África tudo é grande :  as serras, as praias, os campos, os mares, os animais, as plantas, e até o Sol, nos faz sentir tão pequenos...

Em nossa casa também tudo era assim.

Dezoito filhos, dominavam um espaço onde qualquer cantinho levava a que o outro, ou outros, nunca nos encontrassem nas brincadeiras normais de crianças felizes.

Em noites de lua cheia, milhões de estrelas saltitavam e mudavam de lugar, parecia que brincavam às escondidas e, tal como nós, corriam umas atrás das outras. Umas subiam e outras caiam e, quando isto acontecia ela dizia sempre : pede um desejo, aquilo que tu mais queres... pede... não tenhas medo...eu estou aqui.

Era como se não existisse o infinito... que o céu e a terra eram um só.
Nada disto me deixa esquecer que nasci numa terra onde tudo é diferente, a luz, as cores, os cheiros, o calor, o frio... 

e ... a minha lua ?! a minha lua, ficou ... ali .



Só que havia outras luas ... e outras noites em que  o céu mudava a cor ... ficava  negro, tão negro que me enchia de terror.

Quando chovia, chovia muito, muito... A luz dos relâmpagos rasgava impiedosamente o céu, espreguiçava-se de uma maneira brutal e caía em terra com um estrondo ensurdecedor, parecia que havia, vindos não sei de onde, muitos outros céus, milhares de muitas outras luzes...
Tudo tremia, parecia que o mundo ia rebentar, ia explodir...que tudo ia acabar...

Então, quando isso acontecia, a minha avó ficava ali, calada, sentada junto à janela, embrulhada no seu xaile negro, a contemplar a majestade daquele universo.

Aconchegava - me bem no quentinho  do seu colo, encostava a minha cabeça ao seu peito, acariciava devagarinho  os meus cabelos e, com uma ternura incalculável, cobria - me de beijos.
No seu coração, possivelmente, todo este cenário lhe dizia alguma coisa, talvez despertasse a saudade, talvez a  transportasse para o seu lugar, para Porto Santo, aquela ilha que tanto amava e que deixara já ... há tanto, ... tanto tempo !

Talvez, cada estrela escondida, ao seu ouvido " soprava" como um desejo,
 ao seu olhar, "oferecia" uma luz,
 ao seu coração, " doava" uma força;

 cada trovão a fazia despertar de  um pesadelo, a fazia esquecer esse   sonho...

Depois, com toda a doçura, começava a contar uma história, a história  do macaco sem rabo, a da cabrinha, a do lobo mau, e a das princesas ...  as mesmas, mas sempre com alguma invenção pelo meio.
Como um ritual, todas as noites, fazia na minha testa o sinal da cruz, enquanto rezava qualquer coisa que eu nunca consegui saber o quê.

Se calhar, alguma prece que o seu coração guardava, religiosamente, para aquele momento especial.
Gostava muito de falar de Jesus, dizia que ele era um homem bom, bonito, que tinha os cabelos compridos e que o seu pai tinha sido carpinteiro, fazia mesas e cadeiras como o meu.

A minha avó nunca se zangava, nunca me deixava chorar, pegava-me ao colo muitas vezes e, dizia baixinho :
 " anda comigo, meu amor,... anda... anda comigo ".

Aos cinco anos, já eu soletrava os contos de fadas dos livros de histórias das minhas primas e, entre o soletrar e o inventar,  ia "lendo" para ela ouvir.

Aquele ser adorável, ouvia-me com toda a atenção e, sem querer, mal disfarçava uma certa tristeza que os  seus olhos pequeninos deixavam escapar,  como que a dizer que nada daquilo me podia ensinar  mas ...

... se assim o pensava, isso não correspondia à verdade porque,  afinal, ela sempre me ensinou o que não se aprende nos livros .

Ensinou-me para toda a vida que aquilo que eu não tenho não me pertence e que, aquilo, que me pertence é realmente meu. 

Aprender a dizer  "não", ficou por  ensinar  ... acredito, que até  mesmo não o soubesse fazê-lo; talvez, ela tivesse pensado nisso mas, não tivesse pensado se teria ou não tempo,  para o fazer .

 Era o meu Céu ... a minha Avó,  o meu Anjo, a minha retaguarda, a minha vanguarda, o meu tudo e o meu nada, a minha alma,  a minha sabedoria, a minha disponibilidade,  a minha ternura, a minha partilha, a minha alegria, o meu amor, a minha piedade, a minha paz ... a minha saudade.

Quando ela partiu, o meu mundo desfez-se em mil pedaços  e, ainda hoje, eu ando a tentar encontrar os que ficaram espalhados em parte incerta, porque de toda esta herança, algo ficará  sempre  por encontrar até ao fim da minha vida, algo que tanta falta me faz, nem tu imaginas quanto " o teu colo , Avó ... o teu colo, minha querida Avó ".

...era uma vez uma Avó que não sabia ler nem escrever mas ... tinha um segredo, só meu e dela,  sabia contar muito bem ... contava os animais, os frutos, as plantas, os ovos, as flores... as estrelas, marcava no calendário não sei bem o quê... e ...contava lindas histórias que me faziam adormecer !!!

Obrigada por existires na minha vida, por fazeres parte de mim, por seres o meu Anjo da Guarda,o meu abrigo, por me ouvires ... por estares sempre, sempre comigo, por nunca me deixares só.

6 de abril de 2012

O Suricata

O Suricata é um pequeno mamifero, de pêlo acastanhado, nativo do deserto do Kalahari e o seu nome significa "gato das pedras".
O seu corpo tem de 22 a 30 centrimetros e costuma pesar uns meros 700 gramas.
Possui garras afiadas que lhe permite escavar e dentes afiados para conseguir penetrar nas carapaças das suas presas.

Outra característica distintiva é a sua capacidade de se elevar nas patas traseiras, utilizando a cauda como terceiro apoio.
O Suricata pode ser enontrado na Africa do Sul, Angola e Namíbia.
Frequentemente o seu habitat são as planícies secas dos desertos africanos onde o ar é muito arido e com pouca vegetação.

Normalmente o Suricata alimenta-se de insectos como borboletas, larvas de escaravelhos e afins, mas também ingere aranhas, escorpiões, ovos, matéria vegetal e alguns pequenos vertebrados.
É relativamente imune ao veneno dos escorpiões, sendo estes, um dos alimentos que mais apreciam.

Curiosidades:
Eles observam tudo que ocorre à sua volta, como por exemplo, a aproximação de algum outro animal perigoso ao grupo. Além disso, caso algum indivíduo adoeça, todos os outros permanecem próximos a ele, em um acto solidário.

Os círculos escuros ao redor dos olhos do suricata reduzem o brilho do sol.As fêmeas dão à luz até 4 filhotes por ano em uma toca de procriação.
Cada suricata possui marcas distintas nas costas.

O suricata é bem conhecido pelas crianças por ter sido o personagem “Timão” que fez dupla com o javali “Pumba” em uma das mais famosas produções da Disney: “O Rei Leão”.



Fonte: (http://ap12aanimais.forumeiros.com/t38-suricata)